Autora: Profa Dra Ormezinda Maria Ribeiro- Aya Ribeiro
RESUMO
Este trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa sociolingüística, que desencadeou uma lista das palavras e expressões empregadas em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro. Foram selecionados por meio de um questionário aplicado entre alunos de ensino fundamental e médio em Uberaba, Patrocínio e Monte Carmelo na região de Triângulo Mineiro, de fevereiro 2002 a março 2004, bem como entre alunos do Ensino Superior da: Universidade de Uberaba- Uniube; Fundação Carmelitana Mário Palmério-FUCAMP e Faculdades Integradas de Patrocínio-FIP. Com o objetivo de selecionar e de registrar a variação lingüística corrente, foi solicitado aos informantes que listassem palavras e expressões, por eles usadas no cotidiano sem o devido registro em dicionários, seguidas de seu significado usual.
Palavras-chave: gírias; variação lingüística; pesquisa sociolingüística
ABSTRACT
This work presents a list of words and expressions used by Young people from Triângulo Mineiro. They were selected through a questionnaire given at the Elementary and High Schools in Uberaba, Patrocínio and Monte Carmelo in the Triângulo Mineiro region. They were also given at the University: Universidade de Uberaba-Uniube and Colleges: Fundação Carmelitana Mário Palmério-FUCAMP and Faculdades Integradas de Patrocínio-FIP, from February 2002 through March 2004. Whit the aim of selecting and organizing this dialect turning it into an ordinary form of communication among these groups. It was requested that they had list these very much used works and expressions to explain their meanings using alternate words since they are not registered in the dictionaries.
Key Word: slangs; linguistic variation; sociolinguistic research
DICIONÁRIO
José Paulo Paes- Poemas para brincar
Aulas: período de interrupção das férias
Berro: o som produzido pelo martelo quando bate no dedo da gente
Caveira: a cara da gente quando a gente não for mais gente
Dedo: parte do corpo que não deve ter muita intimidade com o nariz
Excelente: lente muito boa
Forro: o lado de fora do lado de dentro
Girafa: bicho que, quando tem dor de garganta, é um deus-nos-acuda
Hoje: o ontem de amanhã ou o amanhã de ontem
Isca: cavalo de tróia para peixe
Janela: porta de ladrão
Luz: coisa que se apaga, mas não com borracha
Minhoca: cobra no jardim-de-infância
Nuvem: algodão que chove
Ovo: filho da galinha que foi mãe dela
Pulo: esporte inventado pelos buracos
Queixo: parte do corpo que depois de um soco vira queijo
Rei: cara que ganhou coroa
Sopapo: o que acontece quando só papo não adianta
Tombo: o que acontece entre o escorregão e o palavrão
Urgente: gente com pressa
Vagalume: besouro guarda-noturno
Xará: um outro que sou eu
Zebra: bicho que tomou sol atrás das grades
Ao longo de nosso trabalho de 26 anos, como professora de adolescentes e jovens em Minas Gerais, observamos que, em geral, esse grupo se manifesta, oralmente, quer entre si, quer na interlocução com outros grupos, de um modo bastante peculiar e de forma análoga aos grupos de outras regiões do país, diferenciando apenas na seleção de algumas expressões, que são facilmente incorporadas ao seu vocabulário, quando trazidas por um elemento de outro grupo.
Na relação com esse grupo, verificamos que a variação utilizada constitui um vasto corpus que pode ser alvo de investigações lingüísticas e que sua seleção e organização são bastante pertinentes no que concerne ao trabalho pedagógico e à relação da linguagem culta ditada pela escola e a linguagem jovem, constituindo, na opinião de Soares (1987) o bidialetalismo funcional.
Este trabalho apresenta uma lista de palavras e expressões utilizadas por jovens da Região do Triângulo Mineiro, cuja faixa etária compreende a idade de 9 a 25 anos, selecionada por meio de um questionário aplicado nas escolas de ensino fundamental e médio das cidades de Uberaba, Patrocínio e Monte Carmelo e em instituições de Ensino Superior nessas mesmas cidades: na Universidade de Uberaba- UNIUBE, nas Faculdades Integradas de Patrocínio- FIP e na Fundação Carmelitana Mário Palmério- FUCAMP, no período de fevereiro de 2002 a março de 2004.
Nesse período, foi pedido aos informantes que listassem as palavras e expressões empregadas no dia a dia, cujos significados não estão registrados nos dicionários e que explicassem com outras palavras o sentido que dão a esses termos.
A finalidade é selecionar e organizar o vocabulário desses jovens, transcodificando para uma norma comum à linguagem social desses grupos, sem a pretensão de esgotar o assunto, uma vez que há uma dinamicidade muito grande do léxico no grupo pesquisado devido a diversos fatores. Essa lista traz apenas a indicação da categoria gramatical a que se refere o significado, por meio de paráfrases e, em alguns casos, as várias acepções do sentido que a expressão pode assumir. Não foram relacionados exemplos de construções ou usos, o que poderá ser inserido posteriormente.
Reportando-nos a Tarallo (1986, p. 19) tomaremos esse acervo de informações como base de um estudo lingüístico e definiremos a língua falada como:
(...) veículo de comunicação usado em situações naturais de interação social, do tipo comunicação face a face. É a língua que usamos em nossos lares ao interagir com os demais membros de nossas famílias. É a língua usada nos botequins, clubes, parques, rodas de amigos; nos corredores e pátios das escolas, longe da tutela dos professores. É a língua falada entre amigos, inimigos, amantes e apaixonados.
Em suma, a língua falada é o vernáculo: a enunciação e expressão de fatos, proposições, idéias (o que) sem a preocupação de como enunciá-los.
Concordando com Sapir (1971, p. 44), que a língua sofre a influência do ambiente em que se acham os seus falantes, desde que as forças sociais atuem sobre o ambiente físico, fazendo com que esse se reflita na língua, verificamos que é no léxico que se reflete mais nitidamente a influência do ambiente físico e social dos falantes, podendo ser considerado como o inventário de todas as idéias e interesses e ocupações de uma dada comunidade. Sapir (1971, p. 51), salienta que: “[...] o léxico, ou seja, o assunto de uma língua destina-se em qualquer época a funcionar como um conjunto de símbolos, referentes ao quadro cultural do grupo’’.
Há, em seu entender, uma correlação constante entre a complexidade lingüística e a cultural, se por complexidade de uma língua se entende os vários interesses implícitos em seu léxico. Assim, o ambiente social, característico de um grupo, reflete-se em grande parte na língua, uma vez que a maioria dos elementos que constitui os elementos físicos se encontra distribuído no tempo e no espaço, de maneira que a variabilidade dos materiais léxicos não encontra limites na medida em que dão expressão a conceitos do mundo físico.
Preti (1982, p. 19) trata das variedades sócio-culturais ou diastráticas inserindo-as num plano vertical, ou seja, dentro da linguagem de uma comunidade específica. Essas variações sócio-culturais podem ser influenciadas por fatores ligados ao falante ou ao grupo a que pertence, ou à situação, ou a ambos. A idade, o sexo, a raça, a cultura, a profissão, a posição social, o grau de escolaridade, o local em que reside na comunidade constituem as variedades devido aos falantes ou ao seu grupo.
De acordo com Preti (1982, p.240), a influência de todos esses fatores condicionantes da diversidade lingüística é, em geral, acentuada no vocabulário, expressiva na fonologia e diminuta na morfossintaxe e se repete com relativa uniformidade nos vários grupos de uma comunidade, criando comportamentos lingüísticos coletivos. Os dialetos sociais constituem-se, então, em um sistema de variedades sócio-culturais da linguagem.
Halliday (1979, p. 111) define dialeto como "uma variedade de uma língua diferenciada de acordo com o usuário: grupos diferentes de pessoas no interior da comunidade lingüística falam diferentes dialetos". As variedades devidas à situação são determinadas pelas condições extraverbiais que cercam o ato de fala. As circunstâncias criadas pela ocasião, lugar e tempo em que os atos de fala se realizam, bem como as relações que unem falante e ouvinte no momento do diálogo são chamadas fatores situacionais. Aqui se enquadram também os graus de intensidade entre os falantes, a importância da variação do tema do diálogo e os elementos emocionais. Às variações determinadas pelo uso da língua pelo falante, situações diferentes, dá-se o nome de níveis de fala, níveis de linguagem ou registros.
A diversidade do vocabulário e a rapidez de sua propagação entre os jovens constituem uma variação da linguagem que os diferenciam de outros grupos. Segundo Preti (1982, p. 43) as ''leis'' lingüísticas (normas), fixadas na consciência coletiva dos falantes, são ideais para atender às necessidades de comunicação dos grupos sociais.
Ao hierarquizar a norma lingüística, Preti (1982, p. 55) insere entre a norma culta ou padrão e a norma popular ou sub-padrão a norma comum, hipotética, que comportaria uma combinação das regras da gramática culta com o popular. Segundo esse autor, a norma comum seria mais distensa do que a culta, porém, mais contida e menos livre do que a popular. Preti fala ainda de uma norma vulgar que se apresentara excessivamente simplificada, sofrendo ação decisiva da analogia.
Ao considerarmos a linguagem dos jovens na perspectiva adotada por Preti, verificamos que a implicação de que norma culta pressupõe uma melhor formação, a norma popular menos cultura, e a vulgar uma cultura inferior não representa uma verdade absoluta.
É importante ressaltar que estamos falando de linguagem oral e que a linguagem escrita segue a relação ditada por Preti. Observamos uma uniformidade do uso de gírias, construções populares e analogias em todos os níveis sociais, ressalvadas algumas expressões de uso mais restrito aos jovens de periferia, de meio social mais baixo e menos escolaridade. Todavia, sejam universitários, ou com pouca escolaridade, os jovens que responderam ao questionário fazem uso de uma linguagem comum, cuja propagação rápida pode ser atribuída aos meios de comunicação de massa, contribuindo para a nivelação do léxico.
O contato de jovens nas Universidades, provenientes de várias regiões do país, também é fator de uniformização da variação, que, de certo modo, não é peculiar somente na região, mas conhecida também em outras.
No tocante ao interesse deste trabalho, há que se considerar alguns aspectos listados como ocorrência de variedades sócio-culturais, que se enquadram mais precisamente ao objeto de estudo aqui delimitado. A idade dos usuários dessa variedade lingüística é fator marcante e estabelece uma grande diferença com relação ao uso do vocabulário, se comparada com outra faixa etária, ainda que no mesmo nível coloquial.
O fator sexo não é determinante e não representa índice de variações. Não se percebe incidência de maior ou menor ocorrência de uso de algumas expressões tabus para o sexo feminino ou masculino. Tanto as moças, quanto os rapazes valem-se de expressões ou palavras para identificarem, ou qualificarem o sexo oposto, numa referência à aprovação ou desaprovação.
As variantes de hábitos entre um bairro e outro e até de município, cuja diferença reside mais na posição social do falante, determinam, de certo modo, o uso de algumas expressões por uns e não por outros, independentemente da raça ou cultura, ou de escolaridade.
Jespersen (1950, p. 244) define o lingüisticamente correto como aquilo que é exigido pela comunidade lingüística a que se pertence. Falar correto, então, significa o falar que a comunidade espera. Erro em linguagem equivale a desvios dessa norma, sem relação alguma com o valor interno das palavras ou formas. A inovação apresentada pelos jovens na linguagem não vinga enquanto estritamente individual, mas, na medida em que se coletiviza pela aceitação do grupo, incorpora-se ao sistema alterando-lhe a deriva, cria possibilidades que são aceitas entre si e as difundem.
Neste trabalho procuramos arrolar palavras e expressões, que embora estejam fora do padrão culto, são largamente empregadas por esses jovens, confirmando o que afirma Borba (1989, p. 46) ''a língua como uma totalidade é virtual, é um conjunto de possibilidades combinatórias que ninguém esgota por mais que se varia e use.'' Apoiamo-nos em Guimarães (1979, p. 55), quando destaca que a tarefa do lingüista é a de ligar um enunciado produzido em uma situação particular, ao seu sentido ou sentidos possíveis nessa situação. E em Vogt (1980, p. 80) quando afirma que falar é assumir um comportamento governado por regras e o trabalho do lingüista, é, pois o de estabelecer que regras são determinantes desse comportamento.
E reportamo-nos a Borba (1989, p. 45), quando afirma que a língua é uma convenção, resultante de um acordo tácito entre indivíduos, e adquirida por tradição. Esclarece ainda que a língua como uma totalidade é virtual, é um conjunto de possibilidades combinatórias que ninguém esgota por mais que se varie e use. E assim define a função social da língua: “A língua se altera, porém, pelo uso individual; transforma-se através dos tempos porque os falantes introduzem inovações. Não que eles, por si, sejam capazes de influir nela. Ao contrário, os usuários se submetem às leis do sistema lingüístico de que dispõem”.
Há uma relação significativa que liga o significante ao significado, convencional e historicamente motivada. Essa mesma relação não é apenas arbitrária, mas torna-se necessária à medida que é determinada e mantida pela finalidade para a qual existe e em função da qual, em princípio, deve ser respeitada por todos os membros da comunidade lingüística em que ela se observa. Afirmando essa particularidade da relação que une entre si os dois termos do signo, há que se considerar o fato fundamental de que a linguagem se realiza em sociedade, de que sua função primeira é a comunicação e, finalmente, de que, para se realizar, é indispensável que os indivíduos que entre si comunicam, respeitem as relações estabelecidas entre um dado significante e um dado significado, constituindo entre eles um acordo tácito, ou seja, que todos dêem os mesmos nomes às mesmas coisas.
A linguagem exige e pressupõe o outro e a partir daí a linguagem é dada com a sociedade, que por sua vez, só se sustenta pelo uso comum dos signos de comunicação pelos seus elementos. Assim, cada uma dessas duas entidades, implica a outra.
A língua considerada somente como meio de análise da sociedade será tomada para esse fim em sincronia com a sociedade numa relação semiológica: a relação do interpretante com o interpretado. A língua é, em primeiro lugar, o interpretante da sociedade; em segundo, ela contém a sociedade. A segunda proposição é justificada pela primeira. Empiricamente podemos observar que é possível isolar a língua, estudá-la e descrevê-la, por ela mesma sem que seja necessário se referir a seu emprego na sociedade ou a suas relações com as normas e as representações sociais que formam a cultura. De outro lado, é impossível descrever a sociedade, sua cultura, prescindindo de expressões lingüísticas. Nesse sentido a língua inclui a sociedade, mas não é incluída por essa. (BENVENISTE 1989, p. 96-7).
O que atribui à língua essa posição de interpretante é que, em virtude de sua própria estrutura, ela se apresenta como o instrumento de comunicação que é e deve ser comum a todos os membros da sociedade, porque está investida de propriedades semânticas e porque funciona como uma máquina de produzir sentido. A língua permite a produção indefinida de mensagens em variedades ilimitadas, cuja propriedade única deve-se à sua estrutura composta de signos, de unidades de sentido, numerosas, mas finitas, que entram em combinação ao serem regidas por um código e que permitem um número cada vez maior de mensagens, já que o efetivo dos signos aumenta sempre e as possibilidades de utilização e combinação desses signos aumentam conseqüentemente.
Todavia, há que se considerar que as palavras não têm realidade fora da produção lingüística, pois elas existem nas situações nas quais são usadas, daí a importância do contexto para a construção do sentido. Cabe aqui uma consideração: de que cada um fala a partir de si. Para cada falante o falar emana dele e retorna a ele, cada um se determina como sujeito com respeito ao(s) outro(s). A língua fornece ao falante a estrutura formal de base, que permite o exercício da fala. Fornece o instrumento lingüístico que assegura o duplo funcionamento subjetivo e referencial do discurso: é a distinção indispensável entre o eu e o não- eu apresentada na língua pelos pronomes.
A inclusão do falante em seu discurso, a consideração pragmática que coloca a pessoa na sociedade como participante e que desdobra uma rede complexa de relações espaço-temporais determina os modos de enunciação. O conhecimento de mundo é determinado pela expressão que ele recebe e a linguagem, como reprodutora desse mundo, o submete à sua própria organização. É a inteligência que possibilita ao indivíduo colher, recolher e reunir os dados oferecidos pela percepção, imaginação, memória e linguagem, formando redes de significações com as quais organiza e ordena o mundo, recebendo e dando um sentido a ele e fazendo-se conhecer pelo recurso dos signos da língua, com os quais o indivíduo promove o agenciamento sintagmático.
A língua, no interior da sociedade, pode ser encarada como um sistema produtivo, pois ela produz sentidos, graças à sua composição de significação e graças ao código que condiciona esse arranjo. Ela produz também enunciações graças a certas regras de transformação e de expansão formais. E é nesse prisma que a linguagem do grupo, objeto deste estudo, deve ser encarada. Não como algo estanque, pronto, acabado e imutável, mas como uma reflexão sobre a estrutura de uma língua viva, cotidiana, que serve a toda uma sociedade. Sociedade que a condiciona e estabelece como patrimônio sócio - cultural.
Há que se estabelecer, portanto, a relação que existe entre o pensamento e a realidade, considerando que esse é traduzido pela linguagem. Pode-se afirmar que toda atividade mental só pode ocorrer no âmbito de uma língua. É impossível conceber a atividade intelectual de uma dada sociedade separada da linguagem. Nesse ponto a Lingüística e a Antropologia se encontram.
Pensa-se em uma língua, normalmente, na língua materna, que está impregnada de valores da cultura na qual está inserida, considerando que cada língua traz em seu léxico o que é relevante ao seu grupo no que tange a sua apreensão da realidade.
O sujeito lingüístico, então, deve ser entendido como parte e produto de um processo social. A maneira como o sujeito lingüístico se expressa é o resultado da organização institucional da sociedade que estabelece e lhe atribui papéis e que distribui a possibilidade de realizar atos de acordo com valores culturais e padrões de comportamento que pressupõem um determinado sistema social. A linguagem constitui a forma de nossa possibilidade de perceber a nossa realidade objetiva. As ciências da linguagem, mais especificamente a Sociolingüística, nos revelam o modo pelo qual a linguagem é distribuída em códigos que correspondem às diferentes classes e grupos sociais em que os falantes se encontram. Esses códigos, por sua vez, são determinados pela realidade e determinam a experiência de um dado grupo social dessa realidade. Assim, não se pode chegar a uma interpretação do significado e do uso lingüístico sem referência à sociedade que o gera.
É a linguagem, portanto, que traduz as relações do homem com o mundo, organizando nosso pensamento, enquanto liga nossas percepções mentais por meio de uma estrutura gramatical organizada e delimitada na língua da comunidade a que pertencemos.
Neste trabalho, consideramos a definição de Jespersen (1950, p. 244) para quem o lingüisticamente correto como aquilo que é exigido pela comunidade lingüística a que se pertence. Falar correto significa o falar que a comunidade espera, erro em linguagem equivale a desvios dessa norma, sem relação alguma com o valor interno das palavras ou formas. E a observação de Labov (1972, p. 222) de que um dialeto desprestigiado, apesar de ser visto por muitos como desarticulado e desorganizado internamente, na realidade é um subsistema de regras coerentes e formais que constituem diferenças sistemáticas.
Os grupos de jovens que forneceram acervo para nossa análise operam com um conjunto de possibilidades combinatórias, fogem à regra da sintaxe padrão, e, ao criar um novo léxico, criam possibilidades que são aceitas entre si e as difundem, corroborando a afirmação de Noam Chomsky: “Todo falante é um criador em sua própria língua”.
A seguir apresentamos a relação de palavras ou expressões empregadas pelo grupo pesquisado, lembrando com Tarallo, (1986, p. 8) que: “Variantes lingüísticas, são, portanto, diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto, e com o mesmo valor de verdade.”
Vocabulário dos Jovens de uma Região do Triângulo Mineiro
Lista de abreviaturas:
adj: adjetivo
adv: advérbio
interj. interjeição
s.f. substantivo feminino
s.m. substantivo masculino
s.n. substantivo neutro
v. verbo
voc. Vocativo
A
Abalar:(v) conseguir o quer,arrasar, ter poder
Acertar o galho: (v) acertar a cabeça.
Acoxar: (v) apertar, agarrar alguém.
Adrenalina: (sf) loucura.
Aeroporto de mosquito: (sm) careca
Aglomerar: (v) agitar;brincar com os colegas.
Aleijado: (adj) garoto perfeito,sem nenhum defeito.
Aluguel: (sm) encheção, aborrecimento.
Amargosa: (adj) pessoa feia, Variação margosa
Amarradão: (adj) apaixonado por algo ou por alguèm.
Ameba: (sn) pessoa que enche a paciência; pessoa boba.
Andar de carrossel: (sm) beijo de língua.
Animal: (adj) o melhor de todos; exagerar.
Apavorada: (adj) especialista em alguma coisa.
Apertado de costura: (adj) sem tempo, ocupado.
Arrasar: (v) chegar e conseguir o que quer sem se preocupar.
Arrear: (v) desistir de algo, mudar de idéia,sair de briga.
Arrepiar: (v) fazer algo bem feito.
Aspone: (sn) Assessor de porcaria nenhuma.
Avião: (adj) rapaz bonito, mulher bonita.
Aviãozinho: (sm) traficante de drogas.
Azaração: (sf) paquera.
Azarar: (v) paquerar, conquistar.
Azedar: (v) irritar-se.
Azedo: (adj) irritado, bravo, nervoso; pessoa que não sabe jogar bola.
B
B.B.G:(adj) bom, bonito e gostoso.
Babaca: (adj) pessoa boba, ingênua.
Babado: (sm) fofoca.
Baculejo:(sm) revista da polícia, batida policial.
Badalação: (sf) desordem, bagunça.
Bagaço: (adj) pessoa feia, mal vestida, descuidada.
Balaiada:(sf) bronca enorme.
Balbi:(adj) pessoa feia ou brega.
Balofô: (adj) pessoa gorda.
Bambu de cutucar estrela: (adj) homem muito alto.
Barazola: (adj) o que só dá fora.
Barraco: (sm) confusão, briga,bate-boca.
Batata:(sn) coisa certa.
Bate bola: (sf) entrevista, papo interessante.
Bater perna:(v) andar á toa.
Bater um fio: (v) telefonar.
Bater um fut:(v) jogar bola.
Bater um gogó:(v) falar, conversar, colocar as fofocas em dia.
Bater um samba:(v) comer o resto de comida.
Bebesão:(adj) que não agita;rapaz quieto, comportado.
Beijo:(adj) pessoa que tem rosto arredondado.
Bicão:(adj) o que gosta de ouvir conversa alheia.
Bife acebolado:(adj) garoto com mau hálito.
Big shooe:(sf) homossexual feminino.
Blusa de corno:(sf) blusa listrada.
Bobódromo:(sm) barzinho ou lanchonete surperlotado de garotos e garotas desacompanhados.
Bodado:(adj) cansado.
Bodis:(adj) o que não está nem aí,desinteressado.
Boing:(adj) homem muito bonito.
Boiola:(sm) homossexual feminino.
Bola gato:(sn) não se pode identificar.
Boquinha: (sf) proteção.
Botar pilha errada:(v) falar demais, fazer ou falar algo errado.
Breguenait:(adj) pessoa muito brega, mal-humorada
Brigadeiro: (sm) namorado.
Bronto: (adj ) abrev. de brontossauro. Pessoa horrorosa; mulher feia.
Burguês: (adj) pessoa rica, metida à rica
Buzinar no ouvido:(v) encher a paciência.
C
C.D.F:(adj) cú de ferro, estudioso. O melhor da classe, inteligente.
Cabeção:(adj) pessoa teimosa.
Cabelo queimado no fogão:(adj) cabelo tinto, artificial.
Cadê o loló:(adj) cara cheia de cocaína.
Cagar fora da lata:(v) fazer algo errado.
Cair do cavalo/ Crivo
Cair do cavalo: (v) dar-se mal em algo.
Caldinho:(adj) burro, idiota.
Canal chiando: (adv) sem a
Canhão: (adj) pessoa muito feia.assunto.
Cassambeira: (adj) cheio de vida.
Cata- jeca: (adj) ônibus velho.
Catenga Catatau:(adj) pessoa
pequena.:(adj) mulher feia.
Cátia:(sf) cachaça,cervejada
Cavala: (adj) mulher ou garota bonita.
Cavernoso:. (adj) pessoa feia.
Caxias: (adj) aluno muito estudioso,cumpridor de tarefas.
Chapô (v) não prestou atenção em algo.
Chaveco: (sm) conversa no ouvido para tentar conquistar.
Chegado meu: (sm) amigo,
companheiro.
Chegar junto: (v) tomar a iniciativa na paquera.
Chegar miando: (v) chegar bêbado.
Chegar nas paradas: (v) aparecer, destacar-se.
Chicletão: (adj) pessoa que gruda, insistente.
Choquito: (adj) meninas que deixam os meninos tirarem uma casquinha.
Chover azeitonas: (v) tiros para todos os lados.
Choveu: (v) ficar menstruada
Chuchuzinho: (adj) pessoa bonita, atraente.
Ciciolina: (adj) garota de seios fartos
Cidinha: (adj) pessoa que gosta de aparecer.
Côco: (adj) inteiro, novo em folha.
Coisa pontuda: (sm) seios,mamas
Colé nada:expressão que se diz quando não se concorda com algo.
Colírio: (adj) homem bonito.
Colorix: (adj) garota que anda sempre com roupas coloridas, extravagantes.
Cordeira: (adj) pessoa mentirosa.
Cornetar: (v) criticar, nó de alguém, dedurar alguém.
Corno: (adj) o mesmo que chifrudo.O que é traído.
Corrida de ganso: (sf) coisa demorada.
Cortar prego: (v) passar aperto.
Costurar para fora: (v) trair alguém, andar com o marido ou mulher do outro.
Crau: (v) conseguir algo ou alguém.
Cri-cri: (adj) pessoa fofoqueira,pessoa chata.
Crivo: (sm) cigarro
D
Da hora: (adj) legal, diferente, novo.
Da mão esquerda aleijada: (adj) pessoa casada, comprometida.
Dançar a konga: (v) se dar mal.
Dandi: (adj) pessoa calma
Dar área: (v) cair fora,abrir caminho
Dar bobeira: (v) ficar á toa, sem fazer nada
Dar mole: (v) insinuar-se para alguém
Dar nó em goteira: (v) convencer a todos
Dar pala: (v) fazer besteira
Dar perna: (v) sair logo
Dar praia: (v) dar certo, acertar
Dar rata: (v) falar coisa errada ou fora de hora.
Dar um furo: (v) errar, se enganar
Dar um pito: (v) repreender
Dar um rolê: (v) dar uma volta
Dar um toque retal: (v) passar dos limites:
Dar uma mata : (v) paquerar
De boa : (adv) sem compromisso
De rocha : (adv) de verdade
Debi-Loíde: (adv) pessoa maluca
Deixar quieto: (v) deixar pra lá
Depré: (adv) estar deprimida, pra baixo
Descer do salto: (v) se rebaixar dar
vexame
Desencadear : (v) terminar o namoro
Detonar : (v) arrasar
Disgrela: (adj) pessoa que não se liga
Diva: (adj) pessoa devagar, lenta, sem raciocínio
Doente: (adj) pessoa boba
Down: (adv) pra baixo
Dragão: (adj) menina feia
Dragonete: (adj) o mesmo que dragão
E
Embaçar: (v) demorar demais
Encarar: (v) enfrentar alguém
Encarnar: (v) grudar, não dar folga
Engasga gato: (sm) comida mal feita ou ruim
Engrupir: (v) enganar, enrolar
Enrolar os bigodes: (v) beijar na boca
Entornar o caldo/Fiz
Entornar o caldo: (v) brigar, desentender-se com alguém
Entrar areia: (v) dar errado
Entrar de sola: (v) disposição,vontade
Escamosa: (adj) pessoa chata, cheia de idéias, aquele que esnoba
Escrota: (adj) pessoa feia, desajeitada
Escultural: (adj) homem lindo, perfeito em formas
Espingarda farobé: (adj) pessoa muito magra
Espumar a boca: (v) falar demais
Estar na área: (v) estar podendo
Estepe: (adj) mulher feia
Estilo sopão: (adj) esquisito, estranho
Estilosa: (adj) garota que gosta de ser a mais vestida
Estressar: (v) saturar, cansar, se encher
Estribado: (adj) cheio de dinheiro, rico, poderoso
Expô: (sf) exposição
F
Fatal: (adj) expressão de emoção, empolgação
Fechar o vidro: (v) sair de perto
Felebé: (sm) dinheiro
Fera: (adj) coisa boa demais,especial,formidável, pessoa inteligente
Fervo: (adj) muito animado
Fiasco: (sm) vexame
Ficar cabrero: (v) ficar atento, ficar esperto
Ficar de cara: (v) admirar-se
Ficar: (v) namorar sem compromisso
Figura carimbada: (adj) pessoa que está em todas
Filé: (adj) pessoa bonita, gostosa
Filho de peixeiro: (adj) o mesmo que escamoso, pessoa chata, aquele queesnoba
Fisgar: (v) conquistar alguém
Fiz: (v) roubar algo ou alguém
Flagrar as idéias: (v) Ir lá
Flagrar as idéias: (v) captar os acontecimentos
Foda: (adj) pessoa sacana
Foi mal: pedido de desculpas
Formigas: (adj) aquele que adora doce
Frivoca: (sf) mistura de classes sociais
Fruta: (adj) homossexual masculino
Fubá: (adj) mulher fácil, pessoa estranha
Fubanga: (adj) mistura de fubá com baranga, pessoa muito feia, mal vestida
Fuder: (v) se dar mal
Fuderoso: (adj) mistura de fudido com poderoso. Algo interessante que acontece com uma turma
Fudidão: (adj) aquele que estuda muito. O mesmo que Caxias
Fura-olho: (adj) pessoa que trai outra
Furacão: (adj) pessoa escandalosa
G
Gádu: (sm) amigo, companheiro
Gafieira: (sf) mistura de classes sociais
Gafuringa: (sf) cabelo ruim
Galalau: (adj) homem muito alto
Galera: (sf) turma, moçada
Galinha: (adj) pessoa que vive trocando de par
Gambal: (adj) garota com mecha no cabelo, que parece gambá
Gambés: (sm) policiais
Ganzepa: (adj) pessoa desengonçada
Garanhão: (adj) homem que fica atrás de todas as mulheres; o mesmo que galinha
Garota gelmax: (adj) menina feia
Garrancho: (adj) pessoa lenta, que se atrasa sempre para sair de algum lugar
Gastinha (sf.): coroa que pensa que é gatinha
Gato sideral: (adj) homem bonito, especial
Gilete: (adj) homossexual feminino
Girl com 200 caras: (adj) mulher falsa, fofoqueira
Goianada: (sf) fazer besteira no trânsito
Goiano: (adj) pessoa que conta vantagens; papuda
I
Ice Kiss: (adj) menino ou rapaz muito bonito
Incutida: (adj) pessoa esnobe ,chata; aquela que pensa ser melhor do que as outras meninas
Ir lá: (v) o mesmo que transar, fazer sexo
J
Jaburu: (adj) homem feio, mulher feia
Jegão: (adj) rapaz desajeitado
L
Laranja: (adj) pessoa tonta, idiota
Legal pra dedel: (adj) alguma coisa muito boa ou divertida
Levantar poeira: (v) dançar muito
Levar manta: (v) levar desvantagem
Levar pito: (v) ser repreendido
Levar um bico: (v) levar umfora
Liberar a verba: (v) dar dinheiro
Lobão: (adj) rapaz que anda com todas as garotas da área
Lodo: (sm) situação difícil
M
Maior: (v) roubar algo
Mala sem alça (adj.) pessoa chata, que incomoda.
Mala: (adj.) pessoa muito parada, pessoa estranha;cara legal.
Mancar: (v) perceber, intuir.
Mandar: (v) roubar alguma coisa
Maneiro: (adj.) coisa ou pessoa legal, interessante
Manêro: (adj) bom, legal
Mangar: (v) rir de alguém, debochar
Mano Brow: (voc) o mesmo que meu querido
Mané: (adj.) aquele que só diz besteiras
Manué que é (v) divertir-se, mostrar-se
Maresia (adj.) baixo astral
Margosa (adj.) pessoa feia, desajeitada
Maria Gasolina (adj) menina que só namora rapazes que têm carro
Maria vai com as outras (adj.) garoto (a) que vai a todo lugar que o (a) colega vai
Mascrofobia (sf) pior que o apelido
Massa: (adj) bom demais
Matchuchela (adj) garota tagarela
Matula (sf) lanche; comida que se carrega
Mauricinho (adj) rapaz muito arrumadinho, burguês
Meiga: (adj) meio galinha, garota fácil
Mela cueca: (sf) festa dançante, forró
Merreca: (adj) pouca quantidade
Meu: (voc) usa-se para substituir o nome do interlocutor numa conversa
Migué: (sm.) aquele que não diz nada correto
Minibug: (sf) garota devagar
Miquica: (adj) pessoa brincalhona
Monche:(adj) pessoa boba, sem papo
Morcegão: (sm) pessoa que só sai à noite
Morgosa (sf) pessoa intrometida
Mortícia: (sf) pessoa preguiçosa
Mozart (sm) carro que só dá conserto
Mulher de gato (adj) menina muito bonita
N
Na casa do chapéu: (adv) em um lugar incerto e com pontos de referências improváveis
Não ter carbureto: (adj) não ter energia, não ter voz ativa
Natureba: (sf) pessoa que defende a ecologia, gosta de coisas naturais
Navegador: (adj) pessoa mentirosa
Neguinho: (sm) qualquer pessoa
Nem tchum: de maneira alguma
Nenê: (adj) menina bonita
Nicri: (adv) nunca, jamais
O
O bicho vai pegar: (adj) vai ser muito animado
Olhar 43: (sm) olhar de charme, quando se quer conquistar alguém
Olhar de rosca: (v) despistar
Operação avestruz: (v) comer um lanche
P
P.N.: (adj) porcaria nenhuma
P.Q.B. (sm.) aquele cara que pensa que é bonito
Pacato: (adj.) devagar, pessoa lenta
Pagar mico: (v) passar vergonha
Paia: (sf) pessoa boba
Pôia: (sf) pessoa lerda, devagar
Palerma: (adj) pessoa inútil, sonsa
Panaca: (adj) pessoa que não pensa antes de fazer algo
Panta: (sf) pessoa que gosta de brigar
Pão com tiro (sm) forró, festa
Pãozinho com requeijão: (adj) diz-se do rapaz muito bonito
Papa-anjo: (sf) pessoa que gosta de namorar alguém mais jovem
Papo 171: (sm) papo especial para cantar as garotas
Paqueródomo: (sm) lugar para se paquerar
Paquita erótica: (adj) diz-se das meninas que adoram chamar a atenção e dar escândalo
Parabólica: (sf) diz-se de quem está sempre ligado
Parasita: (adj) pessoa parada, dependente de outra
Passada (adj) pessoa ingênua
Passar mal (v) agarrar-se a (o) namorada (o); namorar enquanto cabula aula
Pastel; (adj) pessoa boba; menino ou menina gostosa
Patricinha: (adj) garota burguesa, muito arrumadinha, o equivalente a Mauricinho
Pau-de-fumo: (adj) pessoa muito alta e magra
Pedaço de mau caminho: (adj) homem ou mulher bonito (a)
Pega baba: (adj) menina que transa com qualquer um
Pegar o boi: (v) ter muita sorte
Pegar o grude: (v) almoçar ou jantar
Pegar pra criar: (v) namorar alguém mais jovem
Penosa: (adj) o mesmo que galinha
Pereba: (adj) ruim de bola
Perrenga: (adj) menina relaxada, mal vestida
Perua: (adj) mulher muito enfeitada
Picar a mula: (adj) ir-se embora
Pichula: (adj) namorada
Pinheiro: (adj) pessoa que se enfeita demais
Pirar na baratinha: (v) não entender nada
Pirar o cabeção: (v) ficar alucinado por algo ou alguém
Pisar na bola: (v) fazer algo errado
Piscuila: (adj) pessoa pequena
Pitelsinho: (adj) rapaz bonito
Pitéo: (adj) mulher muito bonita
Plantar a mão: (v) bater em alguém
Ploc: (adj) garoto feio
Plocão: (adj) garoto muito feio
Pôde: (adj) pessoa ou coisa muito feia
Porreta: (sf) coisa ou pessoa legal
Potoca: (sf) mentira
Pregão: (adj) sem graça
Prego: (sm) aquele que não aceita conselhos; medroso; que não honra o que diz
Problema de junta: (sm) carro que vive apresentando defeitos
Professor-de-treta: (sm) namorado que sabe tudo
Purgante: (adj) menino chato, difícil de ser tolerado
Q
Quantos reais você tem? Expressão que quer dizer: com quantos garotos você ficou
Quê que ta pegano: o mesmo que: o que está acontecendo
Queimar o filme: (v) dar vexame
R
Rabuda: (adj) pessoa sortuda
Rachar o pequi: (v) ir-se embora, sair
Raimunda: (adj) mulher feia de cara e boa de bunda
Rangar: (v) comer, almoçar
Rapa-fora: (v) ir-se embora
Rapunzel: (adj) rapaz de cabelos longos
Refrescante: (adj) beijo muito gostoso
Rei do galho: (sm) menino campeão em ser chifrado pelas garotas
Rinó: (adj) garoto bonito e tímido
Ripinha: (adj) diz-se de menina ou menino muito magra (o)
Rodar: (v) perder o namorado para outra, dar-se mal em algum intento
Rosadeira: ( adj) pessoa que só sabe jogar bola acertando as canelas dos outros
Rosca: ( adj) garoto bonito e gostoso
S
Sabonetão: (adj) menino (a) que já passou na mão de todo mundo
Sacar: (v) compreender
Safa: (adj) pessoa inteligente
Salivar: (v) ficar, beijar sem compromisso
Sambango: (adj) bobo, ingênuo
Saturar: ( v) cansar de algo ou de alguém
Se achar: (v) pensar que é melhor do que os outros
Se ferrar: (v) se dar mal
Secar: (v) olhar com inveja
Selar: (v) mandar uma cartinha para alguém que se gosta
Sem-sal: (adj) pessoa sem graça, desarrumada
Sentar no quibe: (v) levar bronca, ser admoestado
Sinistro: (adj) pessoa diferente do grupo, de comportamento estranho; algo mal esclarecido
Sintonizar o canal: (v) ver o potencial da garota
Só-ping: (sf) garota que muda muito de namorado
Soltar a bexiga: expressão usada no futebol para pedir ao outro jogador para passar a bola
Soltar a franga: (v) liberar-se, fazer o que quiser
Songa-monga: (adj) pessoa que vive no mundo da lua
Suíno-boy: (adj) garoto porcão
Supimpa: (adj) algo jóia, legal
Surfar na maionese: (v) não entender nada
Suspira: (adj) rapaz muito bonito
T
Ta no Migué: ( v) estar numa boa
Ta na moral: (adj) pessoa que quando diz algo é aceita
Taioba; (adj) pessoa mole, sem expediente
Tanajura: (adj) mulher que possui o bumbum avantajado
Tapa na cara; (sf) decepção
Tapado: (adj) idiota, bobo
Ter ibope: (adj) ter charme
The gambá: (sm) reflexos no cabelo
Tô montado: expressão que se diz quando alguém está junto de outro
Tocuda: (adj) pessoa ingênua
Tomar banho cantando: ( v) masturbar-se
Tonight baby: (v) transar
Toque retal: (v) passar dos limites
Trançar: (v) agarrar uma menina
Trampo: (sm) serviço, ocupação
Tranquera: (adj) mulher feia
Travado: (adj) bêbado
Travar os canecos: (v) ficar bêbado
Treta: (sf) briga, confusão
Tribo: (sf) turma, grupo
Tricotar: (v) falar mal dos outros, fofocar
Trincar: (v) beber muito
Truta: (sf) mentira
Tubaroa: (adj) menina gorda
Tucano: (sm) aquele que entra em conversa alheia
U
Um sete um: (adj) malandro, estelionatário
Urucubaca: (sm) azar, falta de sorte; mulher feia, baranga
V
Vacilão: (adj) bobo, otário
Vagal: (adj)diz-se daquele que não faz nada
Vagaranha: (adj) mistura de vagabunda com piranha
Vai de bote: o mesmo que não enche
Valioso; (sm) sem dinheiro
Referências
BENVENISTE, E. , Problemas de lingüística geral II, Campinas: Pontes, 1989.
BORBA, F. S. Introdução aos Estudos Lingüísticos, São Paulo, 1989.
CHOMSKY , N. Aspectos de la teoria de la sintaxis. Madrid: Aguilar, 1970.
GUIMARÃES, E. Modalidade e Argumentação Lingüística, Tese de Doutorado, São Paulo, USP,1979.
HALLIDAY, M. – Language as Social Semiotic. Londres. Longman. Group, 1979.
JESPERSEN, Otto. Language: Its nature, development and origin. London: George Allen & Unwin, 1950.
LABOV, W. Sociolinguistics patterns. Philadelphia, University of Pennsylvania Press, 1972.
PRETI, Dino. Sociolingüística: os níveis da fala. São Paulo: Nacional, 1982.
SAPIR, E. A linguagem: introdução ao estudo da fala. Rio de Janeiro: Acadêmica; 1971.
SOARES, M. Linguagem e escola. São Paulo: Ática, 1987.
TARALLO, F. A pesquisa sociolingüística. São Paulo: Ática, 1986.
VOGT, C. Linguagem, Pragmática, Ideologia, São Paulo, Hucitec, 1980.
Publicado originalmente em:
RIBEIRO, O. M. . A variação lingüística à maneira dos jovens: um jeito "maneiro" de falar o português.. Outras Palavras (Brasília), v. 04, p. 99-121, 2007.