Ormezinda Maria Ribeiro-Aya é Doutora em Lingüística e Língua Portuguesa pela Unesp.
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"Dai-lhes o repouso eterno" é, IPSIS LITTERIS, a tradução da obra inacabada de Mozart, REQUIEM AETERNAM DONA EIS. DATA VÊNIA, redundantemente, peço licença para iniciar este texto com essa expressão e adiar mais um pouco o justo repouso eterno que há tempos vem sendo negado à mãe de nossa língua materna.
EX OFFICIO, reivindico essa autorização AD HOC, pois apesar de ter estudado um pouco dessa língua, nos tempos da faculdade de Letras, lá em Patrocínio, com o saudoso Professor e ex-padre José André Coimbra, SUPRA SUMMUN em latim e em literatura latina, não tenho em meu CURRICULUM VITAE a formação específica para esse fim.
Na verdade sou um TABULA RASA nesse assunto. Passei, é certo, por vários exames em minha vida acadêmica, tanto nos cursos LATO SENSU, quanto nos cursos STRICTO SENSU, tendo meus títulos reconhecidos DE JURE e nem sempre DE FACTO. O que às vezes me leva a recorrer a um DEFENSOR EX OFFICIO, para, EXTRA MURUS universitário, fazer a ERRATA dos equívocos da academia.
Mas, nesse caso específico, sei que não posso ostentar o título de doutor HONORIS CAUSA, como o DE CUJUS, meu estimado professor, filósofo, e um profundo conhecedor das letras e da literatura latina, que me ensinou as declinações e o prazer de ler Eneida. A PRIORI, estou convicta de que minha preocupação em não me atribuir um título, que não tenho, é correta, pois, apesar de dar STATUS, estou segura de que essa atitude não é legal. E DURA LEX, SED LEX. Mas, PERMISSA VÊNIA, insisto em que o MENS LEGIS deve ser ERGA OMMES, GRATIS e não apenas PRO FORMA, contudo, PER SI, IURIS TANTUM. Sei também que usar títulos indevidos ou maquiar o CURRICULUM para impressionar não dá cadeia no Brasil, e mesmo aceitando que, IN DÚBIO PRO REU, não quero fazer parte dessa turma maria-vai-com-as-outras: NON DUCOR, DUCO. Isso mesmo: não sou conduzida, conduzo, (SIC) já disse por mim o poeta Guilherme de Almeida, no brasão da bandeira da capital paulista.
Se não tenho procuração AD IUDICIA, e não posso exigir que as pessoas façam sempre o correto, pelo menos conduzo minhas ações para o que acredito ser certo. Mesmo que precise de alguém para o AD REFERENDUM, e que passe a ser PERSONA NOM GRATA, para aqueles que, num CONTINUUM, acreditam que tudo é válido para manter o STATUS QUO. Prefiro não compactuar com a eutanásia iminente que muitos ditos “doutores” ou “educadores” fazem com sua própria consciência. Creio que essa situação é SUI GENERIS, para os que crêem no AGNUS DEI e no CORPUS CHISTI, e, para mim, FODICARE LATUS com a consciência limpa é condição SINE QUA NON para exercer o ofício de professor. VADE RETRO eu diria e digo a todos aqueles que entregam sua consciência.
EX POSITIS, devo dizer que LIBERTAS QUAE SERÁ TAMEN não deve ser apenas uma frase de efeito gravada na bandeira de Minas, em ANIMUS do heróico Tiradentes, assim como a frase SUPRA, que tomei emprestada de Guilherme de Almeida. (VIDE brasão da Cidade de São Paulo, de preferência IN LOCO). E, das muitas expressões latinas, quase moribundas, espero que também não tenha repouso eterno o MENS SANA IN CORPORE SANO. PRIMA FACIE, percebe-se que o poeta latino, Juvenal, já sabia no século II que muitas vezes aqueles a quem tomamos por bom é, não raro, mau. Uma lição que não pode morrer jamais. Digo IDEM para IN HOC SIGNO VINCES. Assim como o Imperador Constantino e uma multidão de cristãos, sei que pela VIA CRUCIS vencerei.
E, se VOX POPULI, VOX DEI, é imperativo confiar. ALEA JACTEA EST e eu vou seguir em frente para afirmar com fé: VENI, VIDI, VICE. Se pela palavra o mundo foi criado e pelo poder da palavra o inimaginável é possível, desde que Deus, AB INITIO, em Gênesis anunciou: FIAT LUX e houve luz, posso também crer que essa luz se perpetua pela VOX daqueles que acreditam na educação como instância EXCELSIOR, como elevação da consciência humana e não como alta fonte de renda PER CAPITA, de onde muitos tiram seu rico PRO LABORE. E em ALTISONUS quero repetir, com o BENEPLACITO de sua família, o que aprendi com um grande educador em Uberaba, o professor Murilo Pacheco de Menezes (IN MEMORIAM): acreditemos na luz da verdadeira educação e sonhemos alto porque AD ALTIORA NAT SUMUS.
POST SCRIPTUM: eis a tradução da expressão FODICARE LATUS para que não fique IN DÚBIO: ato de puxar alguém com a intenção de adverti-lo. E de: “MENS LEGIS deve ser PER SI ERGA OMMES, GRATIS e não apenas PRO FORMA, contudo IURIS TANTUM”: o espírito da lei deve ser, para todos, de graça e não por mera formalidade, mas por si, decorrente do próprio direito. E da expressão que também pode ser simbolizada pela águia nos céus AD ALTIORA NAT SUMUS: nascemos para as alturas.
Artigo publicado originalmente na Coluna "Opinião" do Jornal Cidade Livre, p. 02, no dia 07/02/2007.
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